É desesperador e ao mesmo tempo satisfatório o fato de somente ter
descoberto e atentado para educação financeira na faixa dos 30. Numa idade em
que as pessoas estão no meio do caminho da independência financeira e alguns
até no seu primeiro milhão, olhar para sua carteira e ver míseros trezentos e
poucos me faz sentir um pouco pra baixo. Mas a pontinha de felicidade fica por
conta de saber que pelo menos acordei e minha prole não cairá nesta ignorância
que amarguei.
Nunca fui bom em juntar dinheiro, aliás nunca tive dinheiro. Mesada era
algo que eu nem sonhava e me lembro a frustração que era ver a grande soma de
dinheiro que meu pai deixava nos botecos por conta do desenfreado consumo de
bebida alcoólica sem que ao menos um real pousasse na minha mão. Talvez esta
inaptidão em lidar com o dinheiro tenha as raízes por aí.
Não tive contato sequer com pouco dinheiro, então quando somas maiores
tilintaram na minha conta eu não soube o que fazer. Foram sucessões de escolhas
erradas.
Já no primeiro ano do trabalho, recorri aos empréstimos com um motivo
aparentemente justificável e nos anos seguintes eles se sucederam pelos mais
diversos motivos. Lembro bem a sensação de empoderamento de se ter uma quantia
considerável na conta de uma só vez. Você se sente como se diz por aí, "o
rei da cocada preta".
O contrário também acontece, quando a conta esvazia e ocorre a
liquidação da primeira parcela: a de um mendigo que vendeu sua alma por 4 anos.
A analogia mais fidedigna é a onda do viciado usando droga e a consequente
depressão. Uma depressão por longos 48 meses.
Meu intuito aqui não é o de destilar derrotas ou parecer deprimente, mas
confirmar que elas acontecem e as vezes podem parecer mais longas do que
gostaríamos, porém elas não definem quem você será no final. Não é a primeira
vez que traço planos de independência financeira, mas nunca consegui
efetiva-los. Reconheço que alguns eram planos muito bons, mas tinham metas
inalcançáveis para a minha realidade.
Mas qual a diferença agora? Bom, primeiramente entendi que em uma
empresa há pensamentos diferentes mas somente um pode ter o poder de decisão.
Cada um deve desempenhar o papel que tenha mais afinidade desde que seja
positivo para ambos. Minha esposa por exemplo, é muito boa em pechinchar
produtos, sabe o preço de tudo, enquanto eu não sei nem o número das minhas
cuecas (acredite, ela quem compra, pois não sei o tamanho certo) mas não é tão
boa gestora. Concordar com ela em algumas coisas me levou a tomar decisões
erradas algumas vezes.
Não ceder pode ser desgastante, mas quando se tem um bom plano, resolver
isso democraticamente não é uma opção. Organizei praticamente as despesas do
ano todo e estabeleci pequenas metas alcançáveis, que trarão um pouco de
satisfação e darão força para seguir adiante. Algumas destas metas incluem não
utilizar o salário dela nas despesas mensais (meta alcançada), aportar 30% de
rendas extras, usar no máximo 60% da renda nas despesas fixas, criar um fundo
de emergência (em a construção), criar um cartão virtual (depois explico), além
da meta de ter 100 mil em 4 anos.
Claro que este caminho não é engessado e algumas mudanças acontecerão
porém, as metas não são negociáveis e não cabe um retrocesso.
Muito do meu descontrole financeiro estava ligado a questões
sentimentais, comportamentais e até religiosas. Uma vez li no blog do pobretão,
um artigo que ele falava sobre o fato de se sentir inferior e pobre mesmo tendo
mais de 400 mil na conta e uma renda de 8.500 reais por mês. Curioso não? Dá
uma chegada lá e confere esta história. É exatamente assim que eu me
sentia quando tinha de ficar em casa num final de semana mesmo com uma quantia
suficiente para um happy weekend na poupança. Qualquer quantia extra (que quase
nunca sobrava) me fazia sentir no direito de me recompensar e usufruir deste
dinheiro ao invés de poupar e pensar em como mudar este cenário triste.
Mas talvez o motivo que mais impactou a minha vida financeira, foi a
questão religiosa. Fielmente, eu destinava 10% de toda a minha renda bruta a
uma instituição religiosa (isso mesmo, bruta!). Independentemente se a conta
iria fechar ou não, todo mês antes mesmo de pagar qualquer coisa, já separava
este valor. Imagina aí o descontrole que gerava: a quantia que faltava,
geralmente era debitada no cartão de credito e assim a bola de neve crescia.
Foram anos a fio nesta situação até que graças a Deus fui liberto deste sistema
que existe somente para manter carros luxuosos de pastores e seus helicópteros,
além de templos inúteis destinados a arrecadar mais dinheiro. Mas são águas
passadas e espero ter agora outros referenciais de como lidar com as finanças e
alcançar um patamar financeiro que eu julgava ser impossível.
E você, o que influencia a forma como lida com as finanças?
P.S: Quantos ás finanças neste mês de setembro, fiz um aporte fraco
de R$ 96,81 só para não perder o costume enquanto ainda estou
equilibrando minhas contas. A Selic está em baixa e por incrível que pareça, a
poupança está quase pau a pau com o tesouro Selic.
Fala Julius, tudo certo?
ResponderExcluirVocê já leu o livro "os segredos da mente milionária"?
Caso não, leia ele e você vai se surpreender, pois você vai perceber que a forma como você interpretou o dinheiro até "acordar" foi resultado das experiências que você viu acontecer próximo de você, no seu caso a forma que seu pai gastava o dinheiro nos butecos.
Parabéns pelo despertar!!!
Abs.
Obrigado patrão. realmente eu estou precisando me familiarizar com algumas publicações sobre finanças, adicionarei esta na minha lista. Mesmo com toda a tristeza que experiencias como estas nos trazem, elas foram essenciais para que eu me tornasse quem sou hoje. Já ta adicionado no blogroll!
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